Vistam-me de poesia...espalhem as minhas cinzas num roseiral
Declamem poemas de amor...não me chorem...apenas sorriam
Na minha campa não me deixem flores...deixem só um olhar
Não me lamentem quando for...deixem-me partir em silêncio
Deixem-me ir vagando no vento...deixem-me ir...docemente
Fechem-me os olhos com carinho e perfumem-me de incenso
Guardem o meu rosto e o meu nome na memória eternamente
Quando eu já tiver desaparecido nas noites brancas do além
E vagar num céu sem nuvens...cantem uma melodia de amor
Recitem-me um poema...não me chorem...não sou ninguém
Fui apenas uma sombra que pela vida passou vestida de dor
No tempo...além do tempo...flutua um corpo que foi vida
Deixem repousar os meus restos...no manto eterno da dor
Guardem na lembrança...a rosa vermelha...a roseira florida
Na minha campa...deixem um adeus...um poema de amor
Fui um sopro que passou...uma sombra...uma alma errante
Visto o roxo da morte...o meu rosto está frio...não o acordem
Serena como as rosas...te chamo eternidade...minha amante
Voando pelo infinito...vai meu corpo...morto antes da morte
Quando morrer...quero que me deixem nas mãos uma rosa
Não me chorem...digam-me adeus sem tristeza...não é o fim...
Pintem meus lábios de vermelho...vistam-me seda vaporosa
Levem-me para a minha planície...quero regressar a mim
Escrito por : Rosa Maria