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ALFAMA - O Bairro onde nasci Por Hélder Gonçalves

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Alfama – o bairro onde Nasci
   Da janela de guilhotina, do meu quarto
Escancarado ao sol  - festival de luz!
Alcandorado em assimétricos telhados,
Onde  gatos,  estatelados, dormiam -
Eu via o Tejo, a espreguiçar-se até à foz.
Faluas tantas! - a cruzarem, carregadas,
A todo o pano, sulcando o rio, azáfama atroz!

Alfama – O bairro onde nasci

De gente pobre, de muito  trabalho –
Algum tempo, com minha mãe, ali vivi.
Bairro de marinheiros e estivadores.
Epopeia na Universal História –
Da era dos Descobridores!
Jogados  em caravelas -  trabalhos forçados
Heróis à força – da tristeza, nasceu o Fado.
Comandantes das naus -  os seus senhores!

  Alfama – O Bairro onde nasci

Tudo mudou no tempo, entretanto, envelheci.
Já não vejo os gatos, nos telhados, refastelados
Nem as faluas garbosas, sulcando o Tejo.
Nem os golfinhos emergem, com suas danças
A chita dos vestidos das raparigas deu lugar à ganga
Como a taberna esconsa, de corvos à porta
Voltou casa de fado -  agora, também, propaganda!

Alfama - O Bairro  onde nasci!





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