Meus versos não têm medidas.
São palavras deixadas num vão,
à espera de solução e significados.
Leves e instantâneas, falam da vida,
de forma vadia e sem compromisso.
Vou buscá-las na gaveta da estante,
em papéis dobrados e envelhecidos;
e, submisso me entrego à decifração.
Nem sempre consigo a tarefa;
e, isso jamais me desconcerta!
A operação é consentânea,
acordada entre verso e poeta.
Promessas que me levam adiante,
são às vezes doces, outras caricatas,
dúbias, satíricas ou cortantes...
São diamantes a serem polidos,
teorias, jogos de adivinhação.
As palavras exigem cadência:
Com dedicação se tornam amigas
e passam a estar mais perto...
São estrelas e o reflexo na lagoa.
Se fogem à toa pela janela.
soam antigas e sem contexto;
vivem, por certo, noutra dimensão
onde o tempo cansou e se exauriu.
Mas, ao coração não importa,
se elas falam das flores de abril
ou se exortam o céu de setembro.
Na verdade elas não têm serventia,
se bem me lembro, nada de concreto.
São palavras vazias por fora,
de gesso, nuas, quebradiças.
Mas, por ora, devo acrescentar
que são remédios para minha alma,
colírio, bálsamo e refrigério...
Cada rima em mim se arrasta,
nesta minha cidade perdida,
cercada de grandes mistérios
nas ruas que não conheço.
E, de verdade... isso me basta!
Deixem-me com meus delírios...
De vez, eu e minha cantilena,
circulando por aí, pelo universo!
Queimem meus versos na fogueira,
se a vaidade um dia os possuir...
Se renasço numa rima ao acaso,
também vejo o fim que se avizinha.
Aprendi que no xadrez da vida
não é atraso consumir-me em versos:
Um poema pode valer uma rainha!
Autor: Expedito Gonçalves Dias(Profex)
Escrito em 03-09-2012 às 00:20 h
em www.blogdoprofex.com